Parada

Em 1997, cerca de 2 mil pessoas reuniram-se num chuvoso dia 28 de junho para ocupar a Avenida Paulista e caminhar em marcha até a Praça Roosevelt, no centro da cidade, e protestar contra a discriminação e violência sofridas constantemente pela população LGBT. Puxadas por uma perua Kombi com uma caixa de som em cima, gritavam palavras de ordem: “Somos muitos e estamos em todas as profissões!”.

No ano seguinte, outras 5 mil pessoas somaram-se às que haviam iniciado a manifestação. Desse modo, a cada edição o número quase que dobrava, a Kombi foi substituída por 20 trios elétricos e, uma década depois, 3,5 milhões de pessoas formavam a maior Parada do Orgulho LGBT do mundo.

O objetivo primeiro da Parada é dar visibilidade às categorias sócio-sexuais e fomentar a criação de políticas públicas para lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais. A principal estratégia é ocupar os espaços públicos para  elevar a auto-estima dos LGBT e sensibilizar a sociedade para o convívio com as diferenças. Mas a Parada é também um grande momento de celebração pelas conquistas já alcançadas, pelo avanço de nossa sociedade ao respeito às diferenças e para reivindicar, da maneira mais feliz e irreverente, por um país mais justo e igualitário.

Seu histórico pode ser dividido em três diferentes momentos:

1º – de 1997 a 1999: Quando a Parada enfoca principalmente temáticas ligadas à visibilidade LGBT e se consolida como manifestação política do movimento. Nesse período, a Parada teve um crescimento de 2 mil para 35 mil participantes e foi criada a APOGLBT (Associação da Parada do Orgulho GLBT de São Paulo);

2º – de 2000 a 2002: Com o grande aumento do público, de 100 mil para 500 mil pessoas, desenvolveu como temática principal o conceito de diversidade, envolvendo a sociedade na causa a partir da ideia de respeito. Nesse período, as atividades em torno da Parada começaram a se multiplicar, dando origem ao Mês do Orgulho LGBT de São Paulo;

3º – a partir de 2003: Plenamente consolidada como manifestação social crescente, nesta fase a Parada passa a refletir as demandas da comunidade como forma de pressão política para o reconhecimento e garantia efetiva de Direitos Humanos. Foram criadas frentes de trabalho formadas por vários grupos e ONGs paulistas a fim de apresentar politicamente as necessidades da população LGBT nas atividades do Mês do Orgulho. Com 1,5 milhões de participantes, foi registrada em 2004 no Guinnes World Records, o Livro dos Recordes Mundiais, como a maior manifestação do gênero no mundo. Na comemoração de seu 10ª aniversário, os organizadores se depararam pela primeira vez com o Termo de Ajuste e Conduta (TAC), imposto pela Prefeitura de São Paulo, sofrendo a ameaça de ter a Parada retirada da Avenida Paulista. Mesmo diante da determinação, mais um recorde de público foi batido e, desde então, juntamente com a Corrida de São Silvestre e a Festa de Réveillon, é o único evento com autorização para ser realizado no local, o que legitima sua importância histórica. Em 2007 teve seu ápice de público, registrando a presença de 3,5 milhões de participantes.

Atualmente, a Parada do Orgulho LGBT de São Paulo é avaliada por diversos especialistas e pesquisadores como a grande manifestação sócio-político-cultural da história do Brasil.

Ano a ano: as Paradas em São Paulo

1ª Parada do Orgulho GLT (28/06/1997)
“Somos muitos, estamos em todas as profissões”
2 mil pessoas

2ª Parada do Orgulho GLT (28/06/1998)
“Os direitos de gays, lésbicas e travestis são direitos humanos”
7 mil pessoas

3ª Parada do Orgulho GLBT (27/06/1999)
“Orgulho Gay no Brasil, rumo ao ano 2000”
35 mil pessoas

4ª Parada do Orgulho Gay (25/06/2000)
“Celebrando o orgulho de viver a diversidade”
120 mil pessoas

5ª Parada do Orgulho Gay (17/06/2001)
“Abraçando a diversidade”
250 mil pessoas

6ª Parada do Orgulho Gay (02/06/2002)
“Educando para a diversidade”
500 mil pessoas

7ª Parada do Orgulho Gay (22/06/2003)
“Construindo políticas homossexuais”
1 milhão de pessoas

8ª Parada do Orgulho GLBT (13/06/2004)
“Temos família e orgulho”
1,8 milhão de pessoas

9ª Parada do Orgulho GLBT (29/05/2005)
“Parceria civil, já! Direitos iguais: nem mais, nem menos”
2,5 milhões de pessoas

10ª Parada do Orgulho GLBT (17/06/2006)
“Homofobia é crime! Direitos sexuais são direitos humanos”
3 milhões de pessoas

11ª Parada do Orgulho GLBT (10/06/2007)
“Por um mundo sem machismo, racismo e homofobia!”
3,5 milhões de pessoas

12ª Parada do Orgulho GLBT (28/05/2008)
“Homofobia mata! Por um Estado laico de fato!”
3,4 milhões de pessoas

13ª Parada do Orgulho LGBT (14/06/2009)
“Sem Homofobia, Mais Cidadania – Pela Isonomia dos Direitos!”
3,1 milhões de pessoas

14ª Parada do Orgulho LGBT (06/06/2010)
“Vote contra a homofobia: defenda a cidadania!”

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